Gol GT


Para ser um campeão não basta ter boas idéias, é preciso ter a coragem de agir, lutar por seus ideais e entender que os erros também contribuem para uma trajetória de sucesso.
Em meados de 1970, a Volkswagen ciente da necessidade de apresentar a seus clientes novos modelos de automóveis, com design moderno e tecnologias avançadas não hesitou em trabalhar duro para desenvolver aquele que seria o sucessor do Fusca, o maior líder de vendas da montadora até então.
Substituir um vencedor não era uma tarefa fácil, porém a montadora precisava se manter no mercado e a concorrência estava cada vez mais acirrada. Carros como o Chevette já ameaçavam a sua liderança e o Fiat 147, em vias de lançamento, prometia conquistar muitos fãs.
Manter a marca no topo das mais procuradas e colocá-la novamente em ritmo acelerado de produção foram os principais objetivos que levaram a equipe do núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da Volkswagen brasileira a trabalharem na criação de um veículo capaz de fazer frente à concorrência.
O projeto para esse crescimento começou a tomar forma em 1976 e ficou conhecido como BX. Entre os grandes diferenciais de criação dos veículos que compunham o projeto BX, estava a economia. Outro diferencial dos modelos era o motor localizado na parte dianteira, no entanto, mantendo a escrita de ser refrigerado a ar assim como eram produzidos os propulsores que movimentavam os tradicionais Fuscas.


Base Alemã
A inspiração para a nova engenharia veio do Scirocco - um cupê esportivo desenvolvido por Giorgetto Giugiaro, projetista da VW alemã - considerado um dos líderes de sucesso em sua categoria. Dessa mistura Alemã agregada ao gingado brasileiro, surgia em 1980 aquele que conhecemos como GOL.
Conforme se previa, a aparência encorpada do belo esportivo, agregada ao seu espaço interno foi motivo para despertar uma verdadeira corrida às concessionárias de todo o país. O problema foi que apesar do belo apelo visual, o veículo não correspondia às expectativas de vendas em razão do seu baixo desempenho pelas ruas e estradas, fazendo com que sua procura declinasse ao longo dos anos.
Tentando solucionar o problema, a montadora apresentou uma nova série de Gol, essa equipada com motor 1.6 litros de dupla carburação fazendo com que o mercado voltasse a adquirir o veículo, à época mais possante e, sobretudo econômico. Porém, foi em 1984 que o Gol, literalmente conseguiu emplacar o fundo da rede e entrar de vez no gosto do brasileiro.
Apresentado como Gol GT 1.8, o veículo tinha um desempenho surpreendente, conseguindo atingir a nota máxima em aceleração, curva, desempenho, segurança, freio e consumo em todos os testes executados na época.
O modelo equipado com o motor 1.8 litros, a álcool, possuía refrigeração a água e comando de válvulas do Golf GTI alemão. Com potência máxima de 99 cv a 5400 rpm e torque máximo de 14,9 kgfm a 3200 rpm, alimentado por um carburador de corpo duplo e fluxo descendente, o carro chegava a acelerar em torno de 170 km/h, fazendo de 0 a 100km/h em 11,7 segundos, que, face aos 66 cv da versão anterior, com velocidade máxima de 139 km/h foi algo de grande avanço.
A suspensão ainda mais rígida, em nada atrapalhava o conforto de seus ocupantes. A dianteira no estilo McPherson possuía braços triangulares inferiores, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos e barra estabilizadora. Na traseira o sistema era semi-independente com braços tubulares longitudinais interligados por barras em V, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos telescópicos. Todo esse cuidado no projeto serviu para garantir a excelência em curvas e estabilidade de primeira, motivo de grandes elogios por parte dos consumidores.
O câmbio inicial era de quatro marchas, mas logo, a montadora passou a oferecer o opcional de cinco, garantindo ainda mais emoção a quem tinha o privilégio de pilotar a máquina. O conjunto de rodagem era outro diferencial, dotado de rodas de liga de alumínio com aro 14 e pneus radiais de 185/60 R14, possibilitava uma melhor harmonia entre o carro e o pavimento. Por fim, os freios eram a disco na dianteira e tambor na traseira, complementados com servo-freio para garantir maior segurança.



Design esportivo
Bastante esportivo, o Gol GT vinha equipado com grade pintada na mesma tonalidade da carroceria, duplo escapamento, faróis de milha, spoiler sob o pára-choque, espelhos retrovisores com controle interno e vidros verdes com anti-embaçante.
Por dentro, bancos italianos Recaro com regulagens no comprimento e apoios laterais, que impediam o deslocamento em curvas acentuadas, eram os destaques de maior sucesso. Algumas propagandas da época estampavam os famosos bancos e traziam os seguintes dizeres: “O desempenho do Gol GT 1.8 começa aqui”, e por mais incrível que pareça este foi um dos principais atrativos do veículo e também o mais cobiçado.  
O painel era o mesmo do sedan Voyage, a diferença ficava por conta da grafia vermelha no jogo de instrumentos composto por relógio digital, conta-giros, velocímetro e manômetro conjugado para economia do combustível. O volante era o mesmo utilizado no Passat TS.
Mantendo a tradição da categoria, o conforto era um dos itens primordiais para que o Gol GT fosse um vencedor. Para isso, o isolamento acústico melhorou bastante e juntamente com a modificação do motor para refrigeração a água, trouxe tranqüilidade para os ocupantes e um espaço menor no porta-malas, afinal, o estepe, até então posicionado junto ao motor, passou a ocupar espaço neste local.
Criado para desbancar de vez a concorrência, nada parece ter sido deixado de lado. O modelo chegou ainda com uma novidade considerada revolucionária. Um dispositivo denominado PTC (Positive Termo Conductor) responsável por aquecer de forma rápida o coração do veículo garantindo maior comodidade.
Supremacia
O sucesso do Gol GT foi imediato. Seu principal adversário, o Escort XR3 desenvolvido pela Ford, reinava absoluto até então, tendo inclusive uma versão cabriolet, muito cobiçada na época. Porém com a chegada do “musculoso” Gol GT 1.8 essa hegemonia ficou cada vez mais distante.
Por muito tempo, os dois encontraram espaço dentro da preferência de seus consumidores, no entanto, o recém chegado obteve maiores vantagens em testes comparativos da época e isso fez dele um verdadeiro campeão de vendas provando que algumas vezes é necessário mudar para se atingir determinados objetivos.
Hoje, mais de vinte anos após sua apresentação, o GT é alvo de cobiça pelos aficionados, prova disso é o modelo que ilustra essas páginas, um modelo XX com apenas XX km rodados e que, segundo seu dono, só sai de casa em ocasiões especiais, afinal, uma relíquia como essas merece ficar exposta em um pedestal.





Fonte: http://www.streetcustoms.com.br/revistas-carros/carros/gol-gt-a-historia-do-sucesso-imediato.html

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